Por Camila Souza Ramos e José Florentino — São Paulo
As ações das empresas do agronegócio negociadas na B3 iniciaram o ano majoritariamente no vermelho, acompanhando a pressão no mercado brasileiro e em meio a perspectivas cada vez mais desfavoráveis para a safra brasileira de grãos. Os destaques ficaram por conta dos papéis da 3tentos, de vendas de insumos aos produtores, com queda de 9,39%, a R$ 10,91, e da Camil, com recuo de 6,75%, a R$ 7,88.
Produtoras de grãos como Brasilagro e SLC também recuaram nesta terça-feira (2/1) na B3, assim como outra rede de distribuição de insumos, a Agrogalaxy, mas com quedas um pouco mais moderadas. No setor de proteína animal, o destaque ficou com a BRF, cujas ações recuaram 4,06%, a R$ 13,25. O Ibovespa, em comparação, recuou 1,11%, sob pressão do rendimento dos Treasuries nos Estados Unidos, com o entendimento de que o Federal Reserve pode realizar menos cortes de juros.
“Nas últimas semanas, o IBGE e a Conab [Companhia Nacional de Abastecimento] já mudaram a estimativa para essa safra por causa do El Niño, com alguns problemas principalmente no norte do Mato Grosso e no norte do Brasil. Acho que isso acaba pesando um pouco mais nesses papéis hoje”, disse Fabiano Vaz, sócio da Nord Research.
As consultorias privadas também estão reduzindo suas projeções de colheita brasileira de grãos. A última revisão foi da consultoria StoneX, divulgada nesta terça-feira, que passou a prever queda na produção de soja para 152,8 milhões de toneladas, O volume que, se confirmado, será 3,1% abaixo do recorde da safra passada.
Quanto à produção de milho, a consultoria também revisou para baixo suas estimativas de colheita de verão e de inverno, prevendo agora uma produção 10,5% menor do que na temporada anterior, em 124,6 milhões de toneladas.
Para Vaz, outro fator que influenciou na queda das ações agrícolas hoje foi a desvalorização das commodities nas bolsas internacionais. “Isso também acaba ajudando”, atestou.
Na bolsa de Chicago, os contratos mais negociados da soja, para março, fecharam o pregão desta terça-feira em baixa de 1,89%, a US$ 12,735 o bushel, enquanto os papéis de maior liquidez do milho, com o mesmo vencimento, recuaram 1,59%, para US$ 4,6375 o bushel.
Estes fatores favorecem uma decisão dos investidores por realizar lucros recentes. “Muitos papéis do agro vêm de um desempenho muito bom em 2023. Olhando até um pouco mais para trás, em 2021 e 2022 também tiveram um desempenho bom. Então, tem uma parte [dessa queda das ações] que é de realização de lucros”, avaliou o sócio da Nord Research.
O cenário de oferta de grãos menos confortável que o inicialmente esperado no país também pressiona as empresas de carnes, já que o custo com ração tende a subir.
Para Leonardo Alencar, da XP, a queda das ações da BRF pode estar ligado tanto a este cenário dos grãos como também ao entendimento de que a Marfrig “pode não comprar mais tanto o papel de BRF”.
No dia 28 de dezembro, após o fechamento do mercado, a companhia de Marcos Molina anunciou a compra de 5,06% das ações da dona da Sadia, passando a deter a maioria das ações da companhia (50,06%). Apesar do movimento, a Marfig disse não querer mudar a atual composição do controle nem a estrutura administrativa da BRF.
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