BRASÍLIA – O diretor financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Alexandre Abreu, afirmou ao Estadão que a solução para as atuais dificuldades do agronegócio envolve a renegociação de dívidas dos produtores rurais.
“O governo detectou algumas áreas em que a produtividade caiu barbaramente por conta da quebra de safra. Há um problema também com os preços, principalmente da soja. Ainda não tenho a solução, mas certamente ela passa por algum tipo de renegociação das dívidas que eles (produtores) tomaram no passado”, afirmou Abreu, que participa das conversas com o Ministério da Agricultura.
Nesta terça-feira, o ministro Carlos Fávaro se reuniu com o chefe da equipe econômica, Fernando Haddad, para discutir medidas de socorro em meio à queda na produção de grãos, preços achatados e custos de produção elevados. Segundo Fávaro, eventuais medidas de renegociação de financiamentos serão estruturadas depois que a Fazenda fizer um diagnóstico da situação do setor.
Os anúncios devem ser feitos nesta sexta-feira, 2, quando Fávaro se reunirá com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, no Rio de Janeiro.
Além da renegociação de dívidas, há a expectativa de que o banco de fomento anuncie um novo aporte de R$ 4 bilhões à linha de crédito rural com custo fixo em dólares, segundo informações do Broadcast Agro. Discute-se, também, a criação de uma linha dolarizada para custeio agropecuário, com recursos voltados diretamente a produtores afetados pela quebra de safra ou a revendas para refinanciarem o custeio.
Para os produtores que não possuem perfil exportador, o governo estuda junto ao BNDES a criação de outra modalidade de crédito em reais.
No âmbito do crédito rural, Abreu destaca a importância das cooperativas de crédito, que já respondem por 59% de todo o financiamento do BNDES para o setor. “As cooperativas já são 30% do repasse do banco. Se olhar só crédito rural, chega a 59%”, afirma.
No ano passado, o banco de fomento concedeu R$ 24 milhões via cooperativas, uma alta de 63%. Os dados fazem parte do balanço fechado de 2023, que está previsto para março, e foram antecipados ao Estadão.
“Elas têm uma filosofia de trabalho bem diferente dos grandes bancos. Elas abriram agências de forma bastante expressiva nos últimos anos, por exemplo. Hoje, apenas uma cooperativa já tem mais agências do que o maior banco tradicional brasileiro”, destaca Abreu, ao ser questionado sobre os motivos dessa alta expressiva no ano passado. Ele também atribui o movimento às ações do Banco Central, com foco em aumento da concorrência.
Atualmente, o BNDES tem nove bancos de cooperativas de crédito credenciados, sendo que os quatro maiores estão focados, principalmente, na região Sul e na área rural. “A gente acha que a próxima fronteira delas é o Nordeste, que ainda tem muita pouca presença”, diz Abreu, destacando também o movimento de expansão para o setor urbano.
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