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Quando criança, ouvia histórias sinistras do meu pai, em tom de brincadeira. No bom e irreparável estilo “freyreriano” das assombrações do Recife, vez por outra falava de um “gigante silencioso”, que perambulava pelo bairro de Casa Amarela, apenas para assustar seus moradores. 

Vou-me apropriar dessa história paterna, não pelo aspecto assustador que ela se propunha. Prefiro agora assumi-la apenas pela imagem desse personagem incomum, que se apresenta como gigante silencioso. Quero usá-lo como mera figuração para o meu propósito neste texto. É que desejo aqui registrar todo meu discreto reconhecimento aos serviços públicos prestados pela EMBRAPA, enquanto centro de difusão de conhecimento, pesquisa e tecnologia. A instituição pode – e precisa – ser tratada como uma das explicações do sucesso do agronegócio brasileiro. Sem arrodeios,  a EMBRAPA é.minha escolha para a figuração ideal do que projetei como “gigante silencioso”. Afinal, sem alardes estrepitosos e ações marqueteiras, a competência que se dá no cumprimento da sua missão, faz traduzir a EMBRAPA como aquele protótipo de um Brasil que deu certo 
Assumidamente, sou uma espécie de “fã de carteirinha” das inúmeras contribuições transformadoras promovidas pela EMBRAPA. Os exemplos são tão fartos, que é quase impossível descolar o sucesso do agronegócio, do papel que a EMBRAPA  sedimentou, justo para todos os agentes envolvidos com o dinamismo econômico alcançado.
Todo esse mérito que se atribui à EMBRAPA, é consequência de um compromisso público que, mesmo com breves alternâncias de ciclos, favoráveis ou não, manteve-se altivo nos seus propósitos maiores: de desenvolver a agropecuária com o reforço das pesquisas científico-tecnológicas. Assim, desde que, em 1973, quando José Irineu Cabral (primeiro presidente da empresa pública) ratificou e projetou seus primeiros ensaios que levaram à fundação da empresa, que a prova da excelência técnica no setor público é algo factível e conquistável. Os números institucionais (da própria EMBRAPA) e os resultados setoriais (do setor agropecuário) estão aí ao alcance. Basta um breve mergulho nas informações e daí se entender o quanto a contribuição da EMBRAPA está por trás do país não ser importador de alimentos, bem como, tornar-se eficiente – e com condições sustentáveis – nas suas distintas cadeias de produção.
Mesmo que diante das informações mais acessíveis, geradas por conta da expressiva fonte de pesquisa que a EMBRAPA permite para o universo acadêmico, muitas vezes me pergunto pela pouca difusão dos feitos institucionais. Só percebo alguma direção que possa viabilizar a extensão do mérito, por exemplo, quando me recolho, logo cedo aos domingos, para assistir ao “Globo Rural”. 
Nessa empreitada, julgo até ser um exercício de cidadania consciente, civilizada e equilibrada, se o meu leitor aqui, como eventual espectador daquele programa televisivo, consiga assimilar e difundir dois contextos: 1) que existem  casos notórios de compromissos do agronegócio com questões inclusivas e sustentáveis; 2) que o papel da EMBRAPA, como agente público catalisador do sucesso do setor, pode ser capaz de atuar com outra dinâmica, suficiente para encarar outros e novos desafios para o desenvolvimento. Isso ajuda a quebrar os preconceitos dos dois lados. De quem só enxerga o agronegócio como contumaz agressor ambiental. Tal e qual, ajuda no redirecionar da atividade, enquanto conduzida por produções  socialmente inclusivas e ambientalmente sustentáveis.

Por esse compromisso público. Pela capacidade de se adaptar às inovações vindas da ciência e da tecnologia. E agora, mais do que nunca, com o redirecionamento mais que qualificado, conduzido por um corpo técnico ciente dos novos desafios, tudo isso me deixa habilitado para reafirmar aqui que a EMBRAPA é um dos melhores exemplos de serviços públicos bem avaliados. Uma soberba conquista que deriva de pouco mais de meio século de pleno engajamento com a agropecuária nacional.
Para mim, é fato aquela história do gigante silencioso. A diferença é que ele saiu da Casa Amarela dos contos do meu pai, para tomar gosto pelo solo fértil e receptivo do Brasil. E fazendo milagres acontecerem. Essa entidade, longe da abstração daquele velho conto, não só tem sua concretitude. Tem também um nome soberano. Chama-se EMBRAPA.

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