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Apesar de os Estados Unidos decidirem pela manutenção da sua taxa básica de juros entre 5,25% e 5,50%, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu mais uma vez a Selic em 0,50 ponto percentual (p.p.) na reunião de ontem (31).
Esse é o quinto corte na taxa após um rigoroso aperto da política monetária e quase um ano de manutenção no patamar de 13,75% ao ano. Para entender os impactos para o agronegócio, o Agro Times ouviu alguns analistas.
Para Leandro Gilio, professor e pesquisador especializado em agronegócio no Centro de Agronegócio Global do Insper, o corte da Selic já era esperado pelo mercado e ocorre em um momento em que a inflação tem seguido uma trajetória esperada e mais controlada.
“A redução da taxa básica de juros tem influência em um maior dinamismo econômico, pois se estimula, em certa medida, o investimento. Com maior dinamismo econômico esperado, a demanda tende a elevar, inclusive para produtos do agronegócio. Várias cadeias e produtos – a maioria dos produtos agropecuários, inclusive -, tem grande relação com o mercado doméstico”, explica.

Segundo Gilio, um bom exemplo fica por conta do mercado de carnes, que, apesar de ter grande peso nas exportações, mais de 70% da produção ainda são destinados ao consumo doméstico. “O setor como um todo também pode ser beneficiado com relação a maior possibilidade de crédito a um menor custo para investimentos”, pontua.
Caio Nabuco de Araujo, analista de investimentos da Empiricus Researchressalta que essa queda era amplamente antecipada pelo mercado, sem grandes mudanças para as perspectivas dos fundos.
“Dado que a grande maioria dos fiagros são compostos por carteira de crédito com indexação CDI+, com os cortes da taxa Selic e do CDI por consequência, espera-se uma redução marginal no rendimento dos fundos. Os spreads normalmente são elevados, CDI+3 a CDI+8, o que garante ainda uma remuneração nominal considerável”, explica.
Por outro lado, Araujo destaca a importante diluição de risco, dado que o custo da dívida dos produtores diminui, o que favorece os pagamentos.
“Dado que o cenário para o agronegócio no Brasil promete instabilidade em 2024, é importante termos esse arrefecimento no custo de dívida. No entanto, isso não significa que isso diminuirá os casos de inadimplência. Há uma dependência do clima neste primeiro semestre, e as condições de preços para as commodities, com destaque para os grãos, não é das mais favoráveis, então é possível que a gente volte a ver novos casos de inadimplência”, analisa.
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