Por Camila Souza Ramos — São Paulo
Fundada em 2016, a startup Docket lançou neste ano uma inteligência artificial voltada especificamente a empresas do agronegócio que promete agilizar a liberação de crédito agrícola: a tarefa, que atualmente leva dias ou mesmo semanas, caiu para uma questão de horas. O segredo foi o desenvolvimento de uma tecnologia que é capaz de fazer o trabalho mais difícil nesse processo, o de análise de documentos.
A inteligência artificial da Docket voltada ao agronegócio recebeu um “treinamento” para ler documentos de penhor e de alienação fiduciária. Esses são documentos que tradings, revendas, cooperativas e outras empresas que atuam na concessão de crédito usam muito para verificar a real possibilidade de entrega da produção que os tomadores dos empréstimos oferecem em garantia.
Pedro Roso, presidente da startup, conta que, como esses documentos não seguem um padrão único no país, a tecnologia levou seis anos para aprender sozinha a separar as informações necessárias. Nessa lista estão dados de produção e de volume de safra e a conferência de penhores anteriores e de certidões, entre outras tarefas.
A Docket já fornecia para empresas do agronegócio um serviço de leitura de imagens, que apenas extraía informações de documentos em PDF, sem interpretar os dados. Já a inteligência artificial faz “um trabalho de interpretação, e não só de extração”, explica Roso. “Às vezes, um documento diz que um imóvel fica em um município, mas tem divisa com outro. Isso torna muito complexa [a leitura], o que exigiu treinar muito os algoritmos. A IA já diz se a safra está penhorada ou não, e se sim, para qual empresa e por qual valor”.
Como cada operação de crédito exige um processo de “due dilligence”, que hoje é manual e envolve a análise de dezenas de documentos, o uso da inteligência artificial da Docket reduz consideravelmente a burocracia. Segundo o executivo, a análise manual das certidões de penhor e de alienação fiduciária costuma levar de 25 a 30 minutos — e 32 segundos com a inteligência artificial. A empresa conseguiu, só em janeiro, analisar mais de 20 mil documentos.
A Docket atende também os segmentos imobiliário e financeiro, além do agronegócio, que já representa um terço de seus 320 clientes. Com essa inteligência artificial, Roso espera que a demanda do campo cresça significativamente e passe a representar quase toda a sua base de clientes.
O executivo espera que a tecnologia também ajude a Docket a alcançar, neste ano, o “breakeven”, quando as receitas cobrem os custos de operação. Até aqui, a empresa tem se financiando com recursos de investidores, ainda que seu faturamento venha dobrando a cada ano. A companhia já fez três rodadas de investimentos, nas quais levantou R$ 150 milhões.
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