JÚLIO RAMOS
Secretário-adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura
O agro no Brasil é frequentemente celebrado por sua força econômica, mas seu impacto tem ido muito além da economia. O setor, que compõe cerca de um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) do país, representa quase metade das exportações brasileiras e emprega aproximadamente um quarto da população, tem sido um motor fundamental na transformação social das comunidades onde atua.
Durante a pandemia, quando diversos setores enfrentaram retrações significativas, o agronegócio continuou a produzir em larga escala, graças à dedicação incansável de muita gente. Essa capacidade de manter a cadeia alimentar mundial em movimento não apenas ajudou a mitigar as quedas no PIB anual, mas também reforçou a importância de um setor brasileiro eficiente e resiliente. Para se ter uma ideia, em 2023, de acordo com o boletim do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), cerca de 28,5 milhões de pessoas estavam empregadas no setor agrícola no Brasil, o que representa 27% do total de empregos do país.
Além do impacto econômico direto, é importante destacar o papel fundamental do setor no desenvolvimento humano nas regiões em que está presente. Estudos indicam que, em municípios agrícolas consolidados dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) supera a média estadual.
Um aspecto chave dessa evolução está relacionado ao foco na educação. Em muitas cidades agrícolas, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) ultrapassou as médias estaduais, indicando um investimento significativo no potencial humano das próximas gerações.
O sucesso do agro brasileiro também está ligado ao cooperativismo. Com quase 2 mil cooperativas agrícolas espalhadas pelo país, abrangendo mais de um milhão de cooperados, o modelo cooperativista demonstra sua eficácia e importância. Essas cooperativas não só contribuem significativamente para o PIB, mas também desempenham um papel fundamental na criação de oportunidades de trabalho e incremento financeiro, promovendo o desenvolvimento socioeconômico das comunidades locais.
No último ano, o Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil, por meio da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais, empreendeu uma série de missões internacionais para promover o setor, combater percepções equivocadas sobre o produtor brasileiro e reforçar a imagem positiva do agro nacional. Uma iniciativa que resultou em benefícios significativos, como recorde na abertura de novos mercados e acesso inédito de novos produtos. Esforço que não só impulsionou a produção agrícola, mas também promoveu o crescimento econômico ao gerar emprego e renda, beneficiando especialmente os pequenos e médios agricultores em todo o país.
O agro no Brasil tem dado grandes passos não apenas para fortalecer a economia, mas para também para gerar mudanças positivas na sociedade com sustentabilidade. Um exemplo brilhante disso é o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Áreas Agricultáveis, liderado pelo Ministro Carlos Fávaro e pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, Roberto Perosa. Uma grande iniciativa que visa apoiar os pequenos e médios produtores com o plano de converter 40 milhões de hectares de áreas em desuso em 10 anos.
Portanto, o agro no Brasil transcende a sua contribuição meramente econômica, emergindo como uma força transformadora na sociedade. Sua capacidade de impulsionar o desenvolvimento socioeconômico, melhorar os indicadores de educação e saúde, e fomentar um ambiente de trabalho cooperativo, reflete o seu papel integral na promoção de um futuro sustentável e inclusivo. Iniciativas mencionadas evidenciam a visão estratégica do setor em harmonizar a produtividade com a preservação ambiental e o desenvolvimento humano. Com um olhar voltado para o futuro, o agro não só fortalece a economia, mas também semeia as bases para uma sociedade mais justa, educada e próspera, destacando-se como um modelo de sucesso global em sustentabilidade e inovação social.
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