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Nos últimos três anos, a cadeia do agronegócio no Brasil tem representado cerca de 25% do PIB nacional, com a agricultura correspondendo a 18%, e a pecuária, 7%. Na balança comercial de 2023, o setor alcançou um superávit de US$ 148,6 bilhões, um crescimento de 4,9% em relação a 2022.
As exportações do setor somaram US$ 165,1 bilhões (crescimento de 3,9%, representando 48,6% do total exportado pelo Brasil no ano), e as importações, US$ 16,5 bilhões (retração de 4,5%, chegando a 6,8% do total importado).
Esta forte vocação exportadora reforça a relevância do Brasil na matriz alimentar global como o país com maior volume de exportação de café verde, carne bovina, frango in natura, soja em grão, açúcar e milho em 2023.
Com uma safra anual de grãos próxima a 320 milhões de toneladas, o país tem alcançado ganhos de produtividade de até 6% ao ano sobre a área cultivada de 79 milhões de hectares, permitindo até três safras agrícolas por ano numa mesma área, um grande diferencial competitivo proporcionado pelo clima, solo e técnicas de cultivo. Tais predicados candidatam o Brasil a representar 25% da produção mundial de alimentos até 2035.
O Brasil também assumiu a liderança na exportação de celulose em 2022, ultrapassando o Canadá, alavancando uma superfície de 16 milhões de hectares, sendo 10 milhões em áreas cultivadas e 6 milhões em florestas nativas. Esta posição deve se consolidar nos próximos anos, considerando a previsão de investimentos de mais de R$ 60 bilhões em expansão e novas fábricas até 2028.
Impulsionando ainda mais o gigantismo do setor, novas perspectivas de crescimento se abrem com desenvolvimentos inovadores em tecnologia e o fortalecimento da agenda de sustentabilidade, temas que atraem cada vez mais investimentos estruturantes, elevando o protagonismo do agronegócio na economia.
Evoluções sob o mote “Agro 5.0” incorporam avanços em biotecnologia e monitoramento de dados em tempo real (com sensores digitais conectados pela internet e drones – que já somam mais de 3 mil registrados na ANAC para aplicações aeroagrícolas), fortemente impulsionados por análise avançada de dados, elevando a precisão na parametrização da produção e uso de insumos.
Como referência, US$ 1,7 bilhão ao ano já são investidos globalmente em Inteligência Artificial (IA) no agronegócio, e devem subir para mais de US$ 4,7 bilhões até 2028.
Estas soluções tecnológicas permitem racionalizar insumos, elevar produtividade, reduzir riscos de pragas e eventos climáticos ou desastres naturais. E vão além do campo, ganhando confiabilidade com rastreamento digital e facilitando operações de financiamento, securitização e trading, como a tokenização de commodities.
Este potencial de desenvolvimento está sendo acelerado através de mais de 2.000 agtechs no Brasil, que atuam principalmente em robótica, IA, machine learning, blockchain, nanotecnologia, edição de genes, proteína sintética e agricultura celular.
Em paralelo, a agenda de sustentabilidade ganha corpo, em meio à preocupação global com a redução de emissões de gases de efeito estufa, para que a temperatura média global não chegue a 1,5 graus acima da registrada no período pré-industrial, respeitando o Acordo de Paris em 2015.
No Brasil, o agronegócio corresponde a 20% e o desmatamento a 50% do total destas emissões. Portanto, a evolução de práticas em direção a modelos mais sustentáveis ambientalmente se soma à agenda de produtividade.
Iniciativas voltadas à descarbonização incluem avanços em plantio direto e técnicas de irrigação, recuperação de pastagens degradadas e rotação de culturas em sistemas integrados de aproveitamento do solo, dentre outras identificadas no Plano ABC+ (2020-2030), que dá continuidade à política setorial do governo brasileiro para enfrentamento às mudanças climáticas no setor.
Tais iniciativas viabilizam uma produção mais eficiente e sustentável, com um potencial de redução de emissões de mais de 10 toneladas de CO2e por hectare/ano. Para implementá-las, são estimados investimentos da ordem de US$ 75 bilhões em agricultura sustentável até 2030.
Por fim, para reforçar as perspectivas de crescimento do setor, a OCDE projeta a necessidade de aumentar a produção alimentar global em 50% até 2050 para uma população então estimada em mais de 10 bilhões de habitantes, e o Brasil desempenha um papel fundamental para viabilizar este salto produtivo.
Neste cenário, tecnologia e sustentabilidade são elementos-chave da agenda estratégica de desenvolvimento, justificando movimentos de investimentos multibilionários em produtividade, expansão e inovação no setor e suas adjacências, com menor impacto no meio ambiente e maior lucratividade para o agropecuarista.
 
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