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Por José Florentino e Luiz Fernando Figliagi, Valor — São Paulo

O clima, que ajudou o Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária a crescer 15,1% no ano passado, deve ser um dos responsáveis por um crescimento ínfimo ou até por uma queda leve em 2024, alertam economistas. Além de uma safra de grãos menor por causa das intempéries, o recuo dos preços internacionais das commodities agrícolas deve pesar sobre o número deste ano.
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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o PIB brasileiro cresceu 2,9%, para R$ 10,9 trilhões, puxado principalmente pelo resultado do agro. Se não fosse pelo setor, a economia nacional teria avançado apenas 1,6%, afirma Renato Conchon, coordenador do Núcleo Econômico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
O IBGE disse que o crescimento do PIB do agronegócio foi puxado por boas safras de soja e milho. Conchon acrescenta que os incrementos significativos na produtividade dos grãos brasileiros, vindos do clima favorável e do investimento dos produtores, possibilitaram a forte alta.
Outras cadeias produtivas, como arroz, banana e feijão tiveram colheitas menores este ano, limitando o crescimento do setor, realça Conchon.
Lucas Farina, analista econômico da Genial, diz que o setor produtivo cresceu principalmente no primeiro trimestre de 2023, época da colheita da safra de verão. “Deixou o que chamamos de ‘carrego estatístico’ muito grande para os trimestres seguintes,em que, por conta da sazonalidade, o setor não performa tão bem”, afirma.
O economista Joelson Sampaio, da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP), destaca que o aumento da demanda pelos produtos da agropecuária brasileira no mercado internacional, principalmente com o contexto da guerra na Ucrânia, foi um dos propulsores desse crescimento.

PIB do agro em 2024

A CNA sinaliza que o PIB do agro pode cair de 0,5% a 1% este ano por conta dos problemas climáticos, que provoca perdas de produção em todo país, além do aumento dos custos do consumo intermediário. “A partir dos dados divulgados hoje, serão reavaliadas as projeções para 2024”, diz Renato Conchon.
A economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, afirma que há estimativas de queda entre 4% e 5%. “Mas não devolve tudo, ele cresceu 15% em 2023, se ele cair no pior cenário 5%, ainda assim temos uma tendência de alta sendo mantida”, destaca Rafaela.
Joelson Sampaio, da FGV EESP, indica que o resultado não deve ser tão positivo, mas não chegará a ser negativo. O analista econômico da Genial, Lucas Farina, concorda e não vê espaço para uma queda “catastrófica”. Farina diz que seria uma redução em relação ao resultado considerado excepcional do ano passado.
Segundo o economista-chefe da Federação de Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, o recuo em 2024 é normal, pois a base de comparação é muito alta. “Mas quando olharmos em 25 veremos um resultado médio do biênio superior a qualquer país emergente”, diz.
Lucas Farina explica que o setor não deve colher o mesmo volume de grãos este ano, e um possível aumento dos preços, em decorrência da menor oferta, também não deve acontecer porque a Argentina aumentará sua produção e, consequentemente, suas exportações.
“Parte do crescimento dos produtos brasileiros do exterior era uma fatia da Argentina. Agora, caso o governo cumpra a promessa de retirar as restrições aos embarques, as exportações argentinas podem crescer”, diz o analista da Genial.

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