Conforme lideranças do agronegócio brasileiro já em 1968 se alertava a população que o País “teria de multiplicar por 10 a sua produção de alimentos, ou seria forçado a parar o surto de industrialização por falta de divisas para pagar o crescente volume de importação de commodities”, ressaltava relatório apresentado pelos delegados brasileiros na 4ª Conferência Latino-Americana de Produção Alimentar, realizada em Buenos Aires, na Argentina.
Bastou passar meio século para o Brasil, além de se tornar autossuficiente, passar a ser fonte de segurança alimentar para outros países, liderando as exportações mundiais de carne bovina, frango, soja, laranja, café e cana-de-açúcar, além de também estar entre os maiores produtores mundiais de algodão, milho, carne suína, tilápia, frutas e leite. Em 2024, o agronegócio responde por 27% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, emprega 20% da população e responde por 47% das exportações totais.
Isso que há 50 anos o País estava em situação iminente de insegurança alimentar e para uma nação da dimensão do Brasil meio século é pouco tempo, pois equivale a apenas uma geração. Nesse período, o Brasil superou a França e os Estados Unidos, entre outras potências de todo o mundo e os brasileiros precisam saber e se orgulhar disso. Essa conquista histórica tem de ser divulgada e repetida para tornar o agronegócio uma paixão nacional, como é o futebol e o Carnaval.
Conforme Ricardo Nicodemos, presidente da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agro (ABMRA), a Marca Agro do Brasil vai mostrar conquistas pouco valorizadas. Ele lidera o movimento pelo projeto Marca Agro do Brasil, que deve ser lançado nos próximos meses e terá como o principal objetivo “despertar os sentimentos de admiração e orgulho do brasileiro pelo agro do seu País”.
O projeto Marca Agro do Brasil pretende produzir conteúdos que atendam, também, ao público externo ou de outros países, que desconhece ainda mais os alicerces da agropecuária nacional. Pesquisa realizada em 2022 sobre as percepções do brasileiro quanto ao agronegócio mostrou que o setor ainda tem muita coisa a revelar e mitos a desconstruir. Apesar de estar entre os setores mais admirados do País, acendeu a luz de alerta o fato de que 30% da população se declarar desfavorável ao agro, e, desses, 51% serem jovens entre 15 e 29 anos, conforme revelou o levantamento.
A ideia é trabalhar com informações confiáveis, dados objetivos e visitas a propriedades e agroindústrias para desmistificar estereótipos arraigados, quer seja a imagem do personagem Jeca Tatu, de Monteiro Lobato, que era agricultor miserável, passivo e preguiçoso, quer seja o outro extremo ou a moda mais recente, que retrata o agricultor em clipes musicais como ricaço, jogando dinheiro para cima e ostentando em picapes de luxo.
“Isso mostra que a população que mais faz barulho, que é mais ativa nas redes sociais é que será líder da sociedade no dia de amanhã. Não vamos conseguir mudar essa chave da noite para o dia. Isso é gradativo. Mas é responsabilidade do setor se posicionar imediatamente e fazer essa construção. Vamos fazer projeto de construção de marca, com ações nas escolas, shoppings, praças, supermercados, TVs, emissoras de rádio e mídia externa”, defendeu Ricardo Nicodemos. Nos Estados Unidos, por exemplo, entidades de agricultores já mantém setores de marketing para divulgar realizações e defender interesses.
*O autor é Deputado Federal pelo Progressistas do Paraná. Está em seu sétimo mandato. Foi chefe da Casa Civil do Governo do Estado, presidente da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados. É produtor rural, filósofo e advogado. Autor de 16 livros.
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