Localização Atual

Acessiblidade
Economia
Panorama
Em todo o Brasil, conforme dados da Serasa Experian, houve crescimento de 535% nos pedidos de recuperação judicial
Evelyn Thamaris
Queda nos preços das commodities internacionais, sobretudo de grãos como soja e milho, fizeram produtores passar por dificuldades – Gerson Oliveira/Correio do Estado
Mesmo sendo um dos segmentos de maior peso na economia de Mato Grosso do Sul, o agronegócio local registrou um aumento na quantidade de pedidos de recuperação judicial (RJ) no ano passado. Conforme levantamento da Serasa Experian, em 2023, 10 produtores que atuam como pessoa física no Estado recorreram à Justiça para não decretar falência.
Os dados mostram que, no período de 12 meses, as solicitações saltaram de zero em 2022 para 10 pedidos de recuperação judicial em 2023 registradas no Estado. Ainda conforme a Serasa, em 2021, apenas um empresário recorreu ao recurso.
Em análise sobre o panorama, o economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG) Staney Barbosa Melo destaca que as RJs apresentadas preocupam menos pelo volume e mais pelo momento econômico que se espelha.
“Sabemos que, de 2023 para cá, os mercados agropecuários vivem uma crise. No ano passado, tivemos problemas 
de preços baixos para os grãos. Neste ano, os baixos ganhos tangenciam também problemas de produtividade e clima, sobretudo no Centro-Oeste do Brasil”, comenta.
Para o head de Agronegócio da Serasa Experian, Marcelo Pimenta, o quadro de expansão de RJs já era esperado. Segundo ele, existem fatores capazes de explicar a procura pela recuperação judicial nesse mercado.
“As questões climáticas, que têm ocasionado as quedas de safra em diversas regiões e aumentado os desafios de manejo, e o cenário econômico, tanto nacional quanto internacional, não contribuíram para a criação de uma estabilidade financeira no campo”, aponta.
Na visão de Melo, soma-se ainda a conjuntura de juros altos no País, que limita e encarece o crédito rural, impactando diretamente a capacidade dos produtores rurais de fazerem uso dos instrumentos financeiros disponíveis para arcarem com seus compromissos mais urgentes.
“Os dados nos mostram justamente essa realidade difícil que o agro enfrenta. Ainda que a maior parte dos produtores estejam segurando as pontas, jogando investimentos para o futuro e trabalhando com estratégia as suas despesas de custeio, os números confirmam que é cada vez maior o número de produtores que beiram a insolvência”, avalia o economista.
Para reverter o quadro, Melo salienta que a continuidade e o escalonamento podem se tornar, sistemicamente, um indicador a ser levado em conta na análise de crédito pelos bancos credores. “O que pode dificultar ainda a vida do produtor rural, pois aumentos constantes nesses pedidos apontam para dificuldades complexas dentro do setor”, frisa.
Comprovando a instabilidade, com destaque para a pecuária de MS, dados da Corretora Granos revelam que a média cotada em fevereiro deste ano para arroba do boi gordo no Estado (R$ 216,21) registrou a menor cotação dos últimos quatro anos para o mês.
Em 2021, por exemplo, a arroba era negociada pelo preço médio de R$ 267,08 no mercado físico de Mato Grosso do Sul. Já no mês passado, a média ficou em R$ 216,21, pior resultado desde 2020, quando o gado era comercializado a R$ 168,20.
Para base de comparação, ao considerar os Cadastros Nacionais de Pessoas Jurídicas (CNPJs) de MS, somente até meados do ano passado, segundo o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), com dados da Vara de Falências, Recuperações, Insolvências e Cartas Precatórias Cíveis, foram contabilizados 31 pedidos de recuperação judicial e 38 processos de falência nos setores empresarial e rural.
Advogado especializado em reestruturação e recuperação judicial, Carlos Henrique Santana opina que existe de fato um cenário complexo.
“O número é alarmante e ainda é um reflexo da pandemia para alguns, mas, sem dúvida nenhuma, a alta taxa de juros continua sendo um dos principais motivos para o aumento 
no número de pedidos”, indica.
No País, as solicitações de recuperação judicial também são uma realidade para produtores rurais individuais, com um aumento de mais de seis vezes em 2023 na comparação com 2022 e um salto no último trimestre do ano passado, quando os efeitos da seca para a safra de soja puderam ser constatados.
Ao todo, foram registradas 127 RJs em 2023 no Brasil, contra apenas 20 pedidos no ano anterior, resultando uma alta de 535%. No quarto trimestre, a Serasa contabilizou 47 pedidos, o que, seguindo a comparação anterior, indica um aumento de mais de 10 vezes.
Além da quebra de safra, produtores de grãos como soja e milho estão lidando com preços mais baixos, o que afetou a rentabilidade do segmento.
“Quando relativizamos a quantidade de recuperações judiciais solicitadas versus milhões de pessoas que exercem atividade ligada ao agro, o número de recuperações judiciais parece pequeno. Mas a velocidade em que essas solicitações vêm crescendo trimestre a trimestre é preocupante”, comenta Pimenta.
No mês passado, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) afirmou ver com apreensão o aumento de RJs de agricultores no País, acrescentando que a situação pode comprometer a execução de contratos de grãos.
A busca por proteção judicial pelos agricultores também pode prejudicar a capacidade dos comerciantes de concluir seus programas de exportação, isso se a mercadoria comercializada não for entregue.
A Serasa afirma que os produtores rurais que mais solicitaram recuperação judicial foram aqueles que tinham maiores áreas com plantio de soja. 
Em segundo lugar, vieram aqueles que tinham áreas de pastagem e, depois, os cafeicultores.
O advogado Carlos Henrique Santana esclarece que a Lei de Recuperação Judicial e Falências (Lei nº 11.101/2005) se aplica aos produtores rurais que exerçam atividade empresarial.
“Isso significa que produtores rurais que atuam de forma empresarial, ou seja, que desenvolvem suas atividades com intuito de lucro e organização empresarial, podem recorrer à recuperação judicial em caso de dificuldades financeiras”, esclarece.
Ele ainda pontua que a aplicação da lei aos produtores rurais empresariais é importante para garantir que eles tenham acesso a ferramentas legais, a fim de reestruturarem suas dívidas e tentarem viabilizar a continuidade de suas operações.
“No entanto, é fundamental destacar que a lei tem especificidades ou aspectos que devem ser considerados no contexto individual. Assim, é recomendável que os produtores rurais busquem orientação jurídica especializada, para entender como a lei se aplica as suas circunstâncias específicas”, conclui.
Assine o Correio do Estado. 
AGRONEGÓCIO
Em valores nominais, a alta é de 12,48%, em comparação com os R$ 7,04 bilhões de 2023 e confirma otimismo do setor de feitas neste ano
09/03/2024 08h11

A Expodireto Cotrijal, feira agrícola realizada em Não-Me-Toque (RS), anunciou nesta sexta-feira (8) ter gerado R$ 7,92 bilhões em negócios encaminhados, faturamento recorde no evento, que está em sua 23ª edição.
O volume representa 8,49% de crescimento em relação aos R$ 7,3 bilhões (atualizados pela inflação) comercializados na edição do ano passado e confirma o otimismo que tem atingido o setor de feiras agrícolas neste ano. Em valores nominais, a alta é de 12,48%, em comparação com os R$ 7,04 bilhões de 2023.
Em que pesem os problemas climáticos –como a estiagem no Sul– e a cautela adotada pelo setor industrial, que projeta queda nas vendas, as duas grandes feiras já realizadas no país neste ano mostram números em alta no campo.
A Show Rural Coopavel, realizada em fevereiro em Cascavel (PR), gerou R$ 6,1 bilhões em intenções de negócios neste ano, ante os R$ 5 bilhões da edição anterior (R$ 5,23 bilhões, corrigidos pela inflação). Em cinco dias, 391 mil pessoas passaram pela feira.
A feira na cidade gaúcha teve início na última segunda-feira (4) com 577 expositores e reuniu em cinco dias 377,6 mil visitantes, 17,82% mais que os 320,5 mil do ano passado, segundo o anúncio feito pelo presidente da Cotrijal, Nei César Manica.
De acordo com ele, com os números da edição deste ano, a organização está pensando na ampliação do parque para a edição de 2025. A área atual é de 131 hectares (183,5 campos de futebol), 33 hectares a mais que as últimas três edições.
“Dizíamos [antes da feira] que o público seria maior, em virtude até da inovação, da tecnologia, das moiblizações e que os negócios seriam uma questão momentânea, de alguns fatores que poderiam interferir na comercialização”, disse Manica
Como exemplo, ele citou a feira do ano passado, que vinha de duas frustrações de safra, mas com preços bons dos produtos e boa produção no campo. “Neste ano, o Rio Grande do Sul vai ter uma safra muito boa de soja”, citou, ao justificar o cenário positivo para as vendas.
Do total de intenções de negócios –que dependerão de confirmação–, R$ 7,1 bilhões foram movimentados pelos bancos presentes à feira agrícola, enquanto os negócios com recursos próprios atingiram R$ 500 milhões –redução, em valores nominais, de 12,28% em comparação com os R$ 570 milhões do ano passado.
O restante do faturamento foi registrado nos pavilhões internacional (R$ 226,6 milhões) e da agricultura familiar (R$ 3 milhões).
A indústria de máquinas está cautelosa: a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) projeta vender 54,3 mil unidades de tratores e colheitadeiras em 2024, patamar abaixo do registrado nos dois últimos anos.
Depois de um recorde histórico em 2022, com 70.262 tratores e colheitadeiras comercializados, 2023 registrou 60.981 unidades, redução de 13,2%.
Para as próximas feiras agrícolas, porém, o otimismo segue: para a Show Safra, que acontecerá de 18 a 22 de março em Lucas do Rio Verde (MT), a rede hoteleira da cidade e da região está praticamente lotada.
Já a Tecnoshow Comigo, no início de abril em Rio Verde (GO), quer tentar manter os R$ 11,1 bilhões do ano passado (R$ 11,42 bilhões atualizados).
Principal feira de tecnologia agrícola do país, a Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), em Ribeirão Preto, provocou a criação de um mini-hub da Azul no aeroporto Leite Lopes, com o anúncio de 66 voos extras entre o último dia 28 e 4 de maio ligando principalmente o Centro-Oeste à cidade.
 
Economia
Prates avalia ano de 2023 como mais desafiador que 2022
08/03/2024 22h00
Agência Brasil
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse nesta sexta-feira (8) que a empresa fará a transição energética de forma gradual, responsável e crescente. Ele deu a declaração ao comentar os resultados do ano passado da companhia. 
“Estamos olhando para as novas energias sem abrir mão de uma hora para outra da produção de petróleo. Vamos fazer a transição energética de forma gradual, responsável e crescente. Nesse sentido, podemos comemorar nossos recordes de produção de petróleo e gás porque o nosso petróleo está entre os mais descarbonizados do mundo. Estamos entre as empresas que mais cresceram em produção em 2023 e com melhor índice de reposição de reservas. Isso garante o nosso futuro e também os recursos necessários para os nossos projetos de baixo carbono”, disse Prates.
Prates acrescentou que a estatal está “conduzindo uma liderança consciente para a transição energética justa, produzindo energia acessível para as pessoas, descarbonizando nossas operações e usando do nosso conhecimento técnico para entrar em novos negócios de baixo carbono”.
Prates destacou que, em termos de cenário internacional, 2023 foi mais desafiador que 2022. “O preço do petróleo no mercado internacional caiu 18% e o diferencial do diesel para o petróleo caiu 23%. Mesmo com esse cenário, com algumas desconfianças que enfrentamos no início, do ponto de vista até político, e tendo a diretoria completa tomado posse apenas em abril, fizemos de 2023 um ano de recordes. Começando pelos sucessivos recordes de valor das ações. Ao longo de 2023, o valor de mercado da empresa cresceu R$ 150 milhões. Nós tivemos nove ou dez recordes de cotação quebrados ao longo desse ano de gestão”.
Fique Ligado
Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de
e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).
MAIS LIDAS
1
/ 2 dias
2
/ 1 dia
3
/ 1 dia
4
/ 1 dia
5
/ 1 dia
EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
/ 1 dia
/ 2 dias
/ 2 dias
/ 4 dias
Av. Calógeras, 356, Centro
[email protected]
(67) 3323-6090
(67) 9.9922-6705
©2024 CORREIO DO ESTADO. Todos os Direitos Reservados.
Razão social: Correio do Estado LTDA
CNPJ: 03.119.724/0001-47
Layout
Plataforma

source

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Obrigado!

Recebemos sua mensagem com sucesso e nossa equipe entrará em contato em breve.