Localização Atual

Por Mariano Soares*

No cenário agrícola brasileiro para a safra 2023/2024, enfrentamos um desafio sem precedentes com a quebra significativa nas safras de soja e milho, além de impactos variáveis em outras culturas como o algodão, o arroz, o trigo, o café, a cana e a laranja.
Este evento não é apenas uma questão isolada dos campos; ele reverbera por toda a economia, destacando a interconexão profunda entre a agricultura e outros setores, desde a indústria de insumos até o comércio e serviços.
A previsão de uma retração na receita agrícola para R$ 944 bilhões – uma queda de 1% em relação ao ano anterior – sublinha a magnitude do impacto sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do país.
O agronegócio, essencial para a economia brasileira, contribuindo com cerca de 25% do PIB, enfrenta agora a imperiosa necessidade de adaptação e resiliência. Medidas emergenciais e estratégicas, como planejamento e reestruturação dos recursos financeiros e a prática de lavouras multiculturas, emergem como soluções viáveis para mitigar os riscos de recuperação judicial ou falência.
Além disso, a adoção de tecnologias avançadas para combater os efeitos adversos do clima e a exploração de novos mercados são fundamentais para sustentar a estabilidade do setor a longo prazo.
A crise atual, embora desafiadora, também oferece uma oportunidade para refletir sobre a sustentabilidade e a inovação no agronegócio. A dependência de condições climáticas favoráveis é uma vulnerabilidade intrínseca do setor, que demanda uma maior capacidade de adaptação e inovação para superar esses desafios.
A crise da safra 2023/2024, com a drástica redução na produção de soja e milho, não apenas testa nossa resiliência, mas também reforça a necessidade de estratégias robustas de gestão de risco e inovação.
Por estratégias robustas, leia-se medidas que incluem a diversificação de culturas para reduzir a dependência de uma única safra, o uso avançado de tecnologias de previsão climática para planejar o plantio, a adoção de práticas agrícolas sustentáveis para melhorar a capacidade de recuperação do solo e a eficiência hídrica, e o investimento em pesquisa e desenvolvimento para criar variedades de culturas mais resistentes a secas e pragas.

Além disso, a implementação de seguros agrícolas e contratos futuros que contemplem cláusulas de quebra de safra mais robustas, pode oferecer uma rede de segurança financeira contra perdas inesperadas. Ao optar por um seguro agrícola, é importante que os produtores rurais analisem cuidadosamente a abrangência da cobertura, incluindo riscos climáticos específicos à sua região, como seca ou excesso de chuvas.
É essencial verificar as condições de indenização, prêmios, franquias e limites de cobertura. A reputação e a solidez financeira da seguradora também são cruciais para garantir o pagamento das indenizações. Além disso, comparar diferentes ofertas e entender as exclusões de política pode ajudar na escolha do seguro mais adequado às necessidades específicas de cada propriedade rural.
São muitos pontos a serem analisados e por isso é importante, também, que o produtor rural e as companhias da cadeia do agronegócio tenham profissionais capacitados para interpretação deste cenário complexo que o agronegócio está apresentando no momento, para que as decisões a serem tomadas sejam assertivas e possam mitigar o máximo dos riscos financeiros e operacionais.
A situação atual não apenas destaca a fragilidade do setor diante de eventos climáticos, mas também exige uma reavaliação urgente das políticas e investimentos governamentais para garantir a resiliência a longo prazo do agronegócio brasileiro. O desafio da quebra de safra é uma oportunidade para reafirmar o compromisso com estratégias de gestão de risco e inovação, destacando a urgência de maior diálogo com o governo para preservar a estabilidade do setor e da economia nacional.
* Mariano Soares é sócio da Evoinc
Obs: As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva de seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da Globo Rural
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