Quase 2 milhões de brasileiros trabalham na pecuária, segundo boletim divulgado pelo Cepea
Por: Marina Fávaro
1.965.217 pessoas tiram o sustento da bovinocultura no Brasil. É quatro vezes o que emprega o segmento da soja (479.924) e cinco vezes o número de empregos gerados pela cana-de-açúcar (383.773). A atualização é do Boletim de Trabalho do Agronegócio Brasileiro do Cepea, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP, em parceria com a CNA, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.
Mas, afinal, o que explica esse fenômeno? Thiago Carvalho, que é o pesquisador responsável pela equipe pecuária do Cepea, pontua que a cadeia produtiva de bovinos exige mais mão-de-obra do que outros segmentos.
“A cadeia produtiva dos bovinos tende a ter mais empregados, já que não é uma atividade tão mecanizada e, consequentemente, há uma produção mais braçal. Se a gente olhar até mesmo para uma ordenha mecanizada, a gente vê que há uma maior quantidade de funcionários envolvidos. No campo mesmo é preciso de pessoas, como os peões e capatazes, para fazer o controle dos animais”, explicou o pesquisador.
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O pesquisador ainda afirma que, se comparado com a agricultura, a pecuária está mais presente em território nacional, o que também pode explicar os números divulgados pelo Cepea. “Com certeza a pecuária está mais presente em mais território e em mais cidades do que agricultura, o que também exige uma maior quantidade de empregados no setor”, destacou.
José Carlos de Lima Júnior, que é consultor em agronegócio, destaca que dentro da bovinocultura estão inclusas as atividades de corte e leite, o que também torna a cadeia produtiva mais expressiva numericamente. “Quando a gente olha para a bovinocultura também é interessante notar que no Brasil há um modelo mais extensivo, ou seja, o gado é criado a campo, o que demanda, inclusive, uma maior quantidade de pessoas para fazer o controle do animal”, ressaltou o consultor.
O consultor em agronegócio conclui que “cada cadeia produtiva tem um determinado contexto. Elementos como clima, demanda, produção, estoque e mecanização acabam interferindo diretamente na própria intensidade da atividade econômica de cada setor produtivo”.
De acordo com o relatório, o número de pessoas trabalhando no agronegócio brasileiro é de 28,34 milhões no ano de 2023. Segundo o relatório, “trata-se de um recorde da série histórica. A população ocupada no agronegócio cresceu 1,2% de 2022 para 2023”.
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*Com supervisão de Marcelo Ferri