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Depois de um período de safras grandes e boa remuneração, principalmente entre 2019 e 2021, o agronegócio enfrenta grandes desafios e dificuldades. “É um setor muito diverso e que pulsa, mas 2024 está sendo um ano difícil por conta de uma combinação perversa de safra mais curta pelo clima hostil e quebra de preço”, afirma o secretário estadual da Agricultura do Paraná, Norberto Ortigara. Ele diz que a fase da bonança deu lugar a uma temporada em que é preciso não apenas dominar os preços, mas principalmente dominar os custos para fechar as contas no campo. A análise foi apresentada por Ortigara durante o Fórum do Agronegócio, que também teve a presença de Francisco Matturro, fundador da Agrishow e presidente do LIDE Paraná, plataforma dedicada à promoção de relacionamento e negócios no ambiente empresarial. “Somos o principal produtor de mel do Brasil. Nas proteínas, abatemos 10 milhões de frangos por dia, o que emprega cerca de 100 mil pessoas no chão de fábrica. Somos também o segundo maior produtor de suínos, setor que deve crescer 50% até o fim dessa década. Nós somos a terra do cooperativismo, que teve faturamento 202 bilhões no ano passado”, destaca o secretário ao falar dos diferenciais competitivos do agronegócio paranaense.
Leite em crise
Sobre o cenário atual, Ortigara também ressalta que o Brasil é um dos maiores produtores de leite do mundo. Porém, nos últimos dois anos a importação do produto e seus derivados aumentou substancialmente. Segundo levantamento feito pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), só em fevereiro deste ano mais 183 milhões de litros foram trazidos. “De um ano e meio pra cá fomos surpreendidos com a grande importação de leite, principalmente o em pó, especialmente do Mercosul, muito barato. Quase de graça! Isso está quebrando nossa cadeia produtiva do leite especialmente formada por pequenos produtores. E a gente vem lutando durante esse período com Brasília para que endureça um pouco com o Mercosul. Temos que proteger nossas produções locais”, defende. A propósito dessa conjuntura, a Assembleia Legislativa do Paraná começará a discussão sobre uma lei que retira o leite importado da cesta básica para que o estado tribute 19,6% do leite em pó, protegendo assim parcialmente a produção leiteira.
Tecnologia necessária
O encontro também abordou a presença crescente da tecnologia na agricultura moderna, impulsionando o setor com soluções inovadoras que otimizam recursos e garantem a segurança alimentar. Através de ferramentas tecnológicas, os agricultores podem aumentar a produtividade, reduzir custos e garantir a sustentabilidade da produção, mesmo diante dos desafios crescentes. Uma das inovações é a agricultura de precisão. “Através de sensores, satélites e softwares, é possível mapear e localizar nos campos áreas com diferentes necessidades, o que permite aplicação precisa de pulverização. Antigamente, isso era feito em área total, o que gerava altos custos, além de comprometer o meio ambiente”, destaca Matturro. O desafio está na falta de conectividade. Dados fornecidos pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (2022) mostram que mais de 70% das propriedades rurais no país ainda permanecem offline, sem qualquer tipo de conexão com a internet.
União dos setores públicos e privados
A união entre os setores público e privado se configura como uma força motriz essencial para o desenvolvimento do Brasil. Através da colaboração e do diálogo construtivo, ambos os setores podem unir seus conhecimentos, recursos e expertise para superar desafios e impulsionar o crescimento. “Encontros como esse são fundamentais para discutir o Brasil, para propor soluções para o país. Nós temos que sair daqui para praticar. O setor privado é de profunda importância nas discussões dos temas e encaminhamento de propostas”, afirma Matturro. “É de suma importância alinhar as oportunidades de negócios que a gente vê no mercado global com o potencial que temos dentro do Paraná. A cadeia do agronegócio é o principal responsável pela descentralização da economia paranaense. Junto com o agro, a gente desenvolve o comércio, as cidades, a prestação de serviços etc.”, acrescenta Heloisa Garrett, presidente do LIDE Paraná.
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