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PUBLICAÇÃO
sábado, 13 de janeiro de 2024
Simoni Saris – Grupo Folha autor do artigo
Os resultados econômicos de 2023 superaram as expectativas traçadas no começo do ano e no próximo mês de março, quando divulgar os dados consolidados do PIB (Produto Interno Bruto), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) deve apontar um crescimento de cerca de 3%. A alta acima do projetado em janeiro do ano passado se deve a uma conjunção de fatores que inclui a melhora do mercado de trabalho, o avanço da produtividade, especialmente nos últimos trimestres do ano, saldo recorde na balança comercial, queda na taxa de básica de juros e na inflação e a aprovação de reformas consideradas importantes e que vinham sendo postergadas há anos, como a tributária.

Mas analistas acreditam que a série de indicadores positivos que impulsionaram a atividade econômica no ano passado não deve se repetir em 2024. O Boletim Macro FGV IBRE aponta que o crescimento registrado em 2023 foi puxado pelo desempenho da agropecuária, que junto com a indústria extrativa e o setor público, deve ter uma participação de 1,6 ponto percentual no crescimento do PIB do ano passado.
O documento deixa dúvidas sobre os resultados da próxima safra, que pode ter sido fortemente prejudicada por fatores climáticos importantes, como excesso ou falta de chuvas em várias regiões produtoras do país, o que implicaria retração do setor neste ano com consequências diretas na balança comercial. Algumas projeções afirmam que os resultados do agronegócio não devem contribuir para o crescimento do PIB neste ano.
E embora reconheçam os avanços representados pelas reformas promovidas pelo Congresso Nacional, especialmente a tributária, a questão fiscal ainda é uma fonte de preocupação para os economistas. A aprovação do arcabouço, ressaltam eles, não garantiu a sustentabilidade fiscal e este é um ano eleitoral, período no qual os gastos costumam superar a arrecadação.
O presidente da SRP (Sociedade Rural do Paraná), Marcelo Janene El-Kadre, confirma a tendência de redução na produtividade das lavouras, que no Paraná foram afetadas pelo grande volume de chuvas na fase do plantio, mas destacou que as áreas cultivadas cresceram. “Temos o problema do dólar, a Argentina está com 57% a 65% da área plantada em situação boa ou excelente e temos que ficar atentos. Vai ser um ano difícil para a agricultura e a pecuária, os resultados não vão ser iguais aos do ano passado, mas isso não quer dizer que não vamos contribuir para o crescimento do PIB. A colheita está começando e temos que aguardar mais um pouco para vermos os resultados.”
O Paraná tem 5,807 milhões de hectares plantados com soja e apenas 2% do total foram colhidos até agora, segundo o Deral (Departamento de Economia Rural), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. Na região de Londrina, são 335 mil hectares e os resultados da colheita ainda não aparecem no boletim mais recente.
A expectativa para a safra de soja de 2023/2024 é de uma produção de 21,7 milhões de toneladas, mas o viés é negativo em razão das condições climáticas desfavoráveis registradas em dezembro, o que deve impactar na produtividade. Dos quase seis milhões de hectares cultivados com a oleaginosa no Paraná, 71% têm condição boa, 24% condição mediana e 5%, ruim. Em Londrina, as condições da safra são um pouco melhores. Dos 335 mil hectares de lavoura de soja, 80% estão em boas condições, 15% em situação mediana e 5%, ruim, apontou o Deral.
Bem mais otimista estão os setores de comércio e serviços, considerados “a bola da vez” pelo presidente da Faciap (Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná), Fernando Moraes. Depois de um 2023 com altos e baixos e com resultados abaixo do esperado em quase todas as principais datas comemorativas para o varejo, as vendas do Natal foram o momento da virada. “No Paraná, dezembro foi bem melhor para os setores de serviço e comércio, superando 2022.”
A queda da inadimplência, a redução do número de endividados promovida pelo programa Desenrola Brasil, do governo federal, a ampliação do acesso ao crédito, a diminuição da taxa de juros e o maior nível de emprego da população, que fez a taxa de desocupação no Paraná recuar para 4,6%, são a conjunção de fatores que alavancaram as vendas do comércio e a contratação de serviços no ano passado e alimentam as boas expectativas dos empresários para 2024. “A taxa de desocupação abaixo de 6% é considerada pleno emprego. Isso impulsiona muito mais as compras”, avaliou o presidente da Faciap. “A gente sabe que o governo federal, por mais que nesse primeiro ano não tenha conseguido fazer muitas ações para impulsionar os serviços e o consumo, tem em seu histórico o incentivo ao consumo das classes mais baixas. A tendência é que neste ano, o governo deverá fazer muitas ações para aumentar esse consumo.”
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