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1 Os dados de exportação calculados pelo Insper Agro Global utilizam como referência a definição do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) para produtos do agronegócio, de acordo com a tabela de agrupamentos presente no sistema de estatísticas de comércio exterior do agronegócio brasileiro (Agrostat). No entanto, o MAPA utiliza para classificação o NCM a 8 dígitos, que são adaptados pela metodologia do Insper Agro Global para o Sistema Harmonizado global de 6 dígitos, visando uma comparação com dados globais. Esse procedimento geralmente leva a uma pequena diferença entre os dados divulgados pelo Insper Agro Global e o Agrostat. Os dados calculados pelo Insper estão disponíveis no sistema GAT.
O valor das exportações do agronegócio brasileiro atingiu novo recorde nominal em 2023, somando US$ 167 bilhões, alta de 5% em relação ao ano anterior (US$ 159 bilhões), conforme análise do Insper Agro Global com base em dados da Secex1 . Apesar do crescimento mais modesto em relação ao ocorrido em 2021 e 2022, o valor representa um novo recorde nominal histórico das exportações do agro brasileiro. 
A marca é resultado principalmente da safra recorde de grãos do ciclo 2022/23 que passou de 320 milhões de toneladas, segundo dados da Conab. Os preços das commodities agropecuárias, de modo geral, registraram queda ao longo de 2023, tanto por uma maior acomodação do mercado em relação aos choques recentes – como a pandemia e a guerra entre Rússia e Ucrânia – quanto pela maior oferta de produtos. No entanto, ainda permanecem em patamar elevado se considerarmos os ciclos imediatamente anteriores a estes eventos. 
Com relação a produtos, destacaram-se os crescimentos registrados para açúcar (35%) e milho (11%), na comparação entre os anos. No caso da sacarose, o crescimento das exportações foi impulsionado pelos preços internacionais favoráveis em virtude da menor oferta global. Já para o milho, o crescimento corresponde a maior produção no ano e a demanda firme de China e Vietnã – cabe destacar que a China liberou a importação de milho brasileiro a partir do final do segundo semestre de 2022. Também houve alta na exportação de soja (11%) – produto que lidere a pauta total de exportações do Brasil –, carne de frango (1,2%), carne suína (9%) e suco de laranja (23%). 
Foram avaliadas quedas relevantes nos valores embarcados para algodão (-12%), produtos florestais (-13%), café (-13%) e carne bovina (-19%) comparando os resultados de 2022 e 2023. Para o algodão, registrou-se grande oferta global em 2023, o que resultou em preços em queda com a elevação dos estoques globais. No caso do café, a redução veio da queda dos preços internacionais aliada à menor colheita no ciclo 2022/23. 
Celulose, papel e madeira, que compõem o grupo de Produtos Florestais, registraram menores exportações em 2023 devido à queda dos preços internacionais. No mercado de carne bovina, impactaram a suspensão dos embarques para a China no início de 2022, devido ao caso atípico de Encefalopatia Espongiforme (“Vaca Louca”) registrado em fevereiro, aliado à queda de preços da arroba do boi, intensificada pelo grande volume de animais abatidos no ano.
Com relação aos principais mercados-destino, China e Hong Kong tiveram um crescimento de 19% em relação a 2022 (US$ 10 bilhões), atingindo em 2023 uma receita recorde de exportações de US$ 63 bilhões, ou 38% do total exportado pelo agro brasileiro. 
Em seguida, vem os outros mercados asiáticos, que crescem consistentemente desde 2018 e ultrapassaram a União Europeia em representatividade (16%) em 2023. União Europeia e o Reino Unido registram queda, correspondendo no ano a 14% no valor total dos embarques. Tal resultado foi influenciado pela manutenção nos fluxos de comércio de produtos do agronegócio ucranianos, apesar da continuidade do conflito com a Rússia, diminuindo o efeito de alta observada em 2022. 
EUA e Japão também registraram queda, de 6% e 2%, respectivamente, comparado a 2022. Apesar de não figurar entre os principais mercados destinos, cabe destaque para o crescimento das exportações do Brasil para a Argentina (64%) em 2022 – país que está no grupo “América Latina” na Figura 5, que evoluiu 21% entre 2022 e 2023 -, resultado motivado principalmente pela busca do país pela soja brasileira, para atender as indústrias locais de moagem para produção de farelo e óleo.
Já as importações do agro brasileiro caíram 16% com relação a 2022, com destaque para a forte queda verificada no valor das importações de trigo (-37%). Também houve queda na importação de insumos (fertilizantes, pesticidas, medicamentos agropecuários e máquinas e equipamentos), que passaram de U$ 38 bilhões em 2022 para U$ 27 bilhões em 2023. No entanto, esses resultados ainda seguem em patamar elevado se observarmos a série histórica (Figura 6).
Para 2024, já se prevê um cenário com maiores desafios. Internamente, a produção da safra 2023/24 deverá ser menor, tendo em vista os efeitos do El Niño e questões climáticas que atrasaram o plantio no início das safras de verão. Segundo o último levantamento da Conab2 , a produção de grãos deve se reduzir em 13,5 milhões de toneladas em comparação com a safra 2022/23. Já nos EUA e na Argentina prevê-se maiores safras ao longo de 2024, o que pode exercer pressão baixista sobre preços e elevação de estoques. 
Também é importante observar os indicadores que refletem o sentido da demanda global. Para esse ano, se prevê crescimento global mais modesto, o que pode ter efeito sobre a evolução demanda por exportações: segundo dados do Banco Mundial, a economia mundial deverá crescer 2,4% em 2024 – ritmo ainda abaixo da média histórica pré-pandemia (2000-19) de 3,1% a.a. 
A China, destino de 38% das exportações do agro brasileiro em 2023, deverá crescer 4,5% em 2024, contra uma alta de 5,2% estimada para 2023. Essa taxa pode parecer razoável quando comparada à média global, mas está muito aquém do histórico daquele país. A área do Euro deverá crescer 0,7% (ante os 0,4% projetados para 2023), EUA crescerão 1,6% (desaceleração ante os 2,5% projetados para 2023) e Japão deverá crescer 0,9% (recuo ante os 1,8% projetado para 2023). Mas apesar do crescimento mais modesto de regiões importantes do planeta, também se espera uma maior demanda internacional por produtos alimentícios, segundo projeções do Banco Mundial. 
Assim, se configura para 2024 um cenário mais cauteloso. É importante ponderar que problemas climáticos, sanitários e tensões geopolíticas no mundo podem ocorrer a qualquer momento, gerando choques de oferta ou demanda e instabilidade de preços. Portanto, é importante que agentes do setor estejam atentos aos sinais do mercado e a fatores que possam impactar os resultados neste novo ano, seja de maneira positiva ou negativa. De qualquer forma, é surpreendente a velocidade recente de resposta às mudanças conjunturais que têm acontecido no agro brasileiro, com destaque para os setores exportadores, que representam o vetor mais dinâmico de crescimento do setor.
Fontes de dados:
Insper Agro Global (2023). Global Agri Trade Data (GAT). Disponível em: https://agro.insper.edu.br/gat Acesso em 9 de janeiro de 2024. 
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MIDIC). Sistema Comexstat. Disponível em: http://comexstat.mdic.gov.br/pt/home Acesso em 9 de janeiro de 2024. 
Fonte: Insper Agro Global.
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