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Opinião
27 de janeiro de 2024 às 5h07
A pecuária de corte ocupa uma posição relevante no agronegócio brasileiro, incluindo-se o confinamento bovino, e movimenta bilhões de reais anualmente, bem como abastece e exporta. Faz-se indispensável registrar que as exportações gerais do agro brasileiro foram de US$ 166,5 bilhões, com superávit recorde de US$ 149,6 bilhões, e o PIB do agronegócio deve ser de R$ 2,63 trilhões em 2023 (Cepea/CNA).
Esse desempenho comercial do campo à mesa do consumidor, entre outras resultantes, deriva das múltiplas demandas dos mercados interno e externo, adoção de inovações pelos criadores, assistência técnica, gestão para resultados e determina investir nas pesquisas geradas nas universidades e “Centros de Excelência.”
Em 2023, o Brasil exportou 2,53 milhões de toneladas de carne bovina no valor de US$ 10,8 bilhões (1º exportador mundial), sendo Minas Gerais com US$ 966 milhões; mas o abate total brasileiro foi de 29,9 milhões de cabeças para abastecer e exportar. Aliás, o gado confinado ou não requer sistemas conectados e exigentes, pois é preciso conhecer para planejar, executar, avaliar, corrigir, adotar inovações, obter ganhos de produtividade e qualidade, e lograr boas práticas sustentáveis e lucrativas, o que exige ainda acesso à agroinformações e sintonia dos pecuaristas coma relação custos e benefícios!
E mais, estima-se que 90%-95% da produção de carne bovina no Brasil se processa pelo uso das pastagens e sem desconsiderar a dilapidação histórica dessa fonte de alimentos, apesar dos avanços havidos nas boas práticas da Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF/ABC).
“O primeiro confinamento de gado de corte de todo o país foi desenvolvido pelo pecuarista Jacintho Ferreira e Sá em 1961, para engorda de gado na seca na Fazenda Chumbeada, em Ourinhos (SP), e na época terminava cerca de três mil animais anualmente neste sistema intensivo de engorda.” (Girodoboi).
Em Minas Gerais, o pioneirismo nesse sistema é devido ao pecuarista mineiro Rubens Rezende Peres, proprietário da Fazenda Brasília em São Pedro dos Ferros. Em 1962 foi para Iowa (EUA) e tendo visitado vários confinamentos que usavam o processo do criador Roswell Garst, bem como as práticas usadas, e adotou essa base técnica ajustada à Fazenda Brasília, onde os primeiros 600 bovinos foram confinados!
Embora não seja um texto essencialmente técnico, é indispensável citar a base alimentar desses bovinos confinados à época; melaço-ureia +sabugo de milho + palha +sal mineral completo + farinha de ossos + Vitamina A. Sua fazenda chegou a produzir 300 mil sacas anuais de milho.
Inovador, entre outras atividades, Peres buscou aperfeiçoar esse processo de confinamento, com apoio tecnológico da Acar/UREMG/UFV); retornos econômicos revelaram lucratividade!A Fazenda Brasília foi também uma referência nacional no melhoramento da raça Gir Leiteiro.
No Brasil, comparando o ano de 2015 com o de 2023 o confinamento de gado de corte passou de 4,8 milhões de cabeças para 7,0 milhões (+ 45,8%). Em 2023, os 5 maiores exportadores mundiais de carne bovina foram; Brasil, Austrália, Índia, Argentina e EUA, confinados ou não, e os 20 maiores criadores de bovinos de corte do Brasil confinaram 2,19 milhões de animais (DBO).
Segundo o engenheiro agrônomo José Alberto de Ávila Pires (MS), as exportações brasileiras de carne bovina para os cinco primeiros países foram em 2023; China (US$ 5,75 bilhões ou 53,1%); EUA (US$ 1,1 bilhão); Chile (US$ 487,7 milhões); Hong Kong (US$ 341,1 milhões); e Emirados Árabes (US$ 338,3 milhões) (Secex). Em Minas Gerais foram confinados 400 mil bovinos de corte em 2011 e 816,9 mil em 2023 (+104,2%). O confinamento ocorre o ano todo!
Noutra indissociável convergência, 76 novos acordos comerciais foram pactuados com 36 países pelo Brasil em 2023, que dependem logicamente de eficientes sistemas internos de pesquisa agropecuária, plataformas digitais, transportes, armazenagem, portos, comércio, indústria, agroindústria e agrosserviços!
*Engenheiro agrônomo
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