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Por Rafael Walendorff — Brasília

O Brasil quer aproveitar sua presidência no G20 – grupo das maiores economias do mundo – para divulgar as boas práticas adotadas no setor agropecuário nacional e advogar contra possíveis barreiras adotadas pelo mundo no comércio de produtos do campo.
A sustentabilidade nos sistemas agroalimentares é uma das prioridades apresentadas pelo país nesta segunda-feira (19/2) para as discussões ao longo do ano no grupo de trabalho sobre agricultura por representantes de 30 países e mais 30 organizações internacionais. Os impactos da mudança do clima também serão uma "questão-chave" nesses debates.
A pauta brasileira também inclui a ampliação da contribuição do comércio internacional para a segurança alimentar e nutricional, o reconhecimento do papel essencial da agricultura familiar, camponeses, povos indígenas e comunidades tradicionais para sistemas alimentares sustentáveis, saudáveis e inclusivos e a promoção da integração sustentável da pesca e aquicultura nas cadeias sociais locais e globais. A discussão vai abordar também o impacto do clima no setor produtivo e nos desafios para garantia da segurança alimentar e nutricional.
"A sustentabilidade e a demonstração das múltiplas formas e múltiplos caminhos que ela pode percorrer na agricultura visam evitar a tomada de decisões unilaterais de alguns blocos ou países contra determinada forma de produzir em determinado país. Isso é demanda global dos países produtores, queremos mostrar que a sustentabilidade pode ser feita de várias formas de acordo com solo, clima, cultura local, mas claro de forma sustentável", disse o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Roberto Perosa, em coletiva de imprensa. Ele é o coordenador do GT de Agricultura do G20.
As prioridades foram apresentadas em reunião virtual nesta segunda-feira com os membros do G20. Pelo menos quatro encontros presenciais serão realizados a partir de abril no país (em Brasília, Recife e Cuiabá), com a participação das delegações estrangeiras das 20 maiores economias do mundo. O objetivo será elaborar um documento técnico com as diretrizes para o desenvolvimento sustentável do setor agropecuário nesses países.
A secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Fernanda Machiaveli, destacou que os pontos levantados pelo Brasil foram elogiados, principalmente a questão da valorização da agricultura sustentável e a inclusão dos pequenos produtores como atores fundamentais para a produção de alimentos saudáveis no mundo.
"Expusemos várias boas práticas e programas que o Brasil já desenvolve, desde a política nacional de agroecologia e produção orgânica, práticas que Brasil já é referência na agricultura tropical, e outras iniciativas que visam preservar nossas florestas. Os países falaram sobre a redução do desmatamento, e Brasil já alcançou uma taxa impressionante de redução de desmatamento na Amazônia neste primeiro ano de governo", afirmou na coletiva. Ela citou ainda os programas de restauração de áreas desmatadas, como o Florestas Produtivas, e as linhas de crédito incentivadas do Plano Safra 2023/24 para a produção sustentável.
O secretário Roberto Perosa lembrou que as prioridades levantadas pelo Brasil no G20 também têm relação com o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD), que pretende recuperar ou converter até 40 milhões de hectares com algum nível de degradação.

Interesse de investidores

Segundo o secretário, a presidência brasileira no grupo das maiores economias do mundo também tem atraído olhares e investimentos estrangeiros para o país. Ele disse que há um crescente interesse de investidores árabes, por exemplo.
"Diversos fundos nos procuram querendo investir no Brasil. Arábia Saudita tem dado exemplo de investimentos no Brasil, os Emirados Árabes também. E temos previstas visitas de diversos fundos nos próximos dois meses aqui no Brasil para analisar possibilidade de investimentos, principalmente na área de grãos, proteína animal e açúcar. São três grandes segmentos que o mundo árabe está procurando para investir no Brasil", explicou.

Os impactos das mudanças climáticas também estarão na pauta, disseram os secretários. "Temos tido total atenção com a questão climática. Estamos finalizando este Plano Safra e já olhando para o próximo, pensando em como podemos estabelecer novas metodologias para garantia da produção nesses locais e acompanhando os efeitos do El Niño e La Niña para que possamos mitigar os efeitos na produção brasileira", disse Perosa.
Fernanda Machiavelli disse que as mudanças climáticas serão uma "questão-chave" na presidência do Brasil no G20 para nortear os debates da transição agroecológica, para agricultura de baixa emissão de carbono.
"Esse tema tem clara importância no nosso GT, porque se por um lado sabemos que foi a mudança do uso do solo e as queimadas que contribuíram para as emissões de gases do efeito estufa, sabemos que são os agricultores que mais sofrem com as mudanças climáticas", apontou.
"São sucessivas perdas de safra que impactam também o orçamento público e nos impõe grande desafio, que é garantir a produção dos alimentos, garantir os preços mínimos para que agricultores possam sobreviver e precisamos ter amparo e adaptação para que os agricultores possam seguir produzindo de maneira sustentável", completou.
Machiaveli disse que o maior desafio será integrar o desenvolvimento sustentável e a segurança alimentar. Estudo encomendado pelo G20 para a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) mostra que o Brasil precisará ampliar em 28% a produção de alimentos para atender a demanda mundial na próxima década.
"Só vamos conseguir ampliando produtividade das áreas, já que não queremos ampliar áreas agricultáveis sobre florestas e entendemos que tem o desafio de diminuir a penosidade do trabalho no campo. O nosso foco também é de ampliar o acesso à tecnologias para os agricultores familiares", finalizou.
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