Ministro da Agricultura e Pecuária declara que mobilização é “legítima”, mas “perde legitimidade” ao atrasar exportações
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse nesta 5ª feira (22.fev.2024) que a mobilização dos auditores e técnicos agropecuários “preocupa”. Afirmou que o movimento é “legítimo”, mas resulta em perda de legitimidade ao causar atrasos nas exportações.
“[A movimentação] preocupa. Ontem, eu estive reunido com os sindicatos. Os 2 sindicatos. […] Eu disse a eles, e aqui quero falar com muita tranquilidade: o movimento é legítimo. Agora, eles não podem perder esse sentimento de que é legítimo. Na medida que eles possam começar a gerar atraso de exportação, demissão, paralisação, eles perdem legitimidade”, disse Fávaro em entrevista a jornalistas.
Fávaro falou sobre o tema na saída do Ministério da Fazenda, onde se reuniu com o ministro Fernando Haddad. Os auditores e técnicos agropecuários estão desde 22 de janeiro em “operação-padrão”, termo utilizado no meio sindical para se referir ao aumento dos procedimentos burocráticos de fiscalização.
O resultado provoca atrasos e redução da eficiência dos serviços que precisam ser prestados. Em Foz do Iguaçu (PR), na fronteira com o Paraguai, quase 2.000 caminhões esperam por liberação.
É a maior fila de veículos formada até agora por causa do movimento. São cargas com rações, trigo, milho, arroz, carne suína, bovina e de frango, dentre outros.
Com a mobilização, as duas categorias buscam pressionar o governo por uma reestruturação nas carreiras. A ação tem afetado o fluxo de exportações e importações no Sul do Brasil.
Carlos Fávaro disse que está “ajudando” o grupo. Ele sinalizou a auditores fiscais agropecuários que participará de uma nova rodada de negociação entre representantes sindicais e o Ministério da Gestão e Inovação em 29 de fevereiro.
“Na próxima 5ª feira, tem mais uma rodada e eu quero crer que ela pode ser já definitiva para harmonizar tudo isso”, declarou.
O governo está “aberto ao diálogo”, segundo o ministro: “Nós precisamos lembrar que ficaram 6 anos sem nenhum real de reajuste, nenhum real. No ano passado, o governo já chegou, deu 9% de reajuste. ‘Ah, mas tem um deficit maior do que isso?’ É óbvio que tem. Nós reconhecemos também, tanto é que estão instaladas câmaras de negociação”.
Na 4ª feira (21.fev), Carlos Fávaro recebeu o grupo para uma audiência. No mesmo dia, as duas categorias realizaram em todos os frigoríficos do país uma auditoria.
A ação é chamada de PPHO (Procedimento Padrão de Higiene Operacional). A decisão se deu depois que auditores e técnicos fiscais rejeitaram proposta do Ministério da Gestão e Inovação feita em reunião na 5ª feira (15.fev).
Fávaro e Haddad discutiram o cenário envolvendo a agropecuária em 2024. “Falamos um pouco de onde tem perdas e o impacto disso, mas também mostrando que não é crise”, declarou o ministro da Agricultura.
Ao ser questionado por jornalistas sobre um eventual socorro ao setor com renegociação de dívidas e extensão de prazo de pagamentos, Carlos Fávaro disse que será necessário esperar o fim de fevereiro para avaliar quem precisará de ajuda. “É algo natural, que daí você faz segmentado exatamente para aqueles que precisam”, afirmou.
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