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Muitas pessoas não sabem, mas o elo industrial faz parte do agro. Quando o conceito de “agribusiness” (ou agronegócio) foi cunhado, em 1957, na Universidade de Harvard, pelos professores John Davis e Ray Goldberg, o elo de processamento dos produtos para fins alimentícios ou não (rações, biocombustível e outros), foi incluído na proposta, que há quase 70 anos guia o estudo na área do agronegócio global.
As agroindústrias constituem importante papel, sendo responsáveis por receber e transformar as matérias-primas provenientes da produção primária, o que gera produtos de alto valor agregado e contribui para o desenvolvimento industrial do país. No Brasil, esta etapa emprega cerca de 4,5 milhões de brasileiros, 15,9% de todas as ocupações do agro, segundo o Cepea/Esalq. O Censo Agropecuário (2017), do IBGE, também mostrou que o Brasil contava, na ocasião, com 1,52 milhão de agroindústrias, distribuídas, principalmente, nas regiões Sul e Sudeste.
As principais agroindústrias existentes estão apresentadas conforme a sua finalidade/uso em seis categorias, sendo que cada uma delas (20) está enumerada para identificação. São elas:
Como o próprio nome sugere, é a categoria que agrega todas as unidades de produção com finalidade alimentar. Esta categoria pode ser subdividida em produtos de origem animal e de origem vegetal. Na animal, estão a (1) indústria de processamento de carnes (bovina, suína, frango, pescado, ovinos, crustáceos e outros) e a (2) indústria láctea (leite, queijos, requeijões e outros). No elo vegetal, podemos encontrar uma gama de indústrias, desde a (3) indústria de alimentos (conservas, enlatados, molhos, farinhas, massas, temperos e outros), o (4) segmento de produtos “In Natura” (frutas, vegetais, saladas e outros), a (5) indústria do café (tradicional, solúvel, gourmet, especial, capuccinos e outros) e a (6) indústria de sucos e bebidas (sucos, chás, cervejas, licores, entre outros). O elo (7) industrial de processamento de grãos é responsável por transformar grãos crus – como soja, milho, trigo e arroz – em produtos alimentícios e outros de valor agregado, como farinhas, óleos e farelos, que podem ser comercializados a indústria de alimentos (citada anteriormente) ou seguir para outras, como a de nutrição animal ou de bioenergia (ambas, apresentadas na sequência).
As indústrias de nutrição animal são responsáveis pela produção de fontes balanceadas para animais, em forma de ração ou suplementos alimentícios. Elas utilizam especialmente grãos como matéria-prima, mas também consomem coprodutos de outras indústrias.
Nesta categoria, estão a (9) indústria de biocombustíveis (etanol, biodiesel, biometano, SAF, SNF e outros) e a (10) de bioeletricidade (biogás e biomassa da cana). Os subprodutos destes setores alimentam, ainda, a recente (mas crescente) (11) indústria de bioplástico e polímeros.
Da produção florestal (áreas plantadas), designam a (12) indústria moveleira, responsável fabricação de móveis para residências, escritórios e outros espaços; a (13) indústria da borracha, onde ocorre a produção de pneus, mangueiras, luvas, produtos médicos e outros, obtidos através do látex extraído de seringueiras; e (14) a de celulose, utilizada para fabricação de papeis, embalagens, fraldas, fibras de tecidos, plásticos e outros.
A (15) indústria têxtil é o segmento responsável pela produção de roupas, confecções, fios, tecidos e peças à base de algodão (matéria-prima principal), lã e demais fibras. Utilizando coprodutos do processamento das carnes, temos a (16) indústria de couro e peleteria, onde ocorre a fabricação de calçados, bolsas, revestimentos e outros.
Por fim, há ainda a (17) indústria de cosméticos ou terapêuticos, que utilizam diversos coprodutos de outras cadeias (como óleos, essências e extratos) e produtos primários, como flores, mel e ervas; a (18) indústria de fumo e seus produtos, responsáveis pela produção de cigarros e charutos; a (19) indústria de processamento de flores e plantas ornamentais; e (20) a indústria de extração sustentável/natural (castanha, açaí, palmito, amêndoa e outros).
 
Interessante notar que grande parte das indústrias aqui citadas estão conectadas. Enquanto umas fornecem a matéria-prima e os insumos, outras utilizam de coprodutos e “restos industriais” para diversificar a produção, fortalecendo o conceito de economia circular. Um exemplo interessante: enquanto a indústria de grãos fornece o insumo para produção de rações para nutrição animal, os subprodutos desta atividade (esterco) alimentam as unidades de bioenergia, que, por sua vez, fornecem eletricidade e biocombustíveis para as demais. Assim, de forma integrada e coordenada, o setor se fortalece, as pessoas ganham com o processo e o país se desenvolve.
O Brasil possui um setor agroindustrial diversificado e competitivo, com empresas de todos os portes e atuando em diversas cadeias produtivas. Além de contribuir para a geração de renda e desenvolvimento da economia do país (participando de 6% do PIB nacional) as agroindústrias contribuem para a segurança alimentar, conforto e melhoria da qualidade de vida. Agregam valor ao grande valor do agro.
 
Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) da FGV (São Paulo – SP) e fundador da Harven Agribusiness School (Ribeirão Preto – SP). É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos e outros materiais em harvenschool.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves). Agradecimentos a Vinicius Cambaúva e Rafael Rosalino. 
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