Moeda norte-americana caiu 0,50%, cotada a R$ 5,2434. Já o principal índice acionário da bolsa de valores recuou 0,17%, aos 124.171 pontos. Dólar opera em baixa
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O dólar fechou em queda nesta quarta-feira (17), em um movimento de correção após uma sequência de cinco avanços das cotações nos últimos dias, que fizeram a moeda disparar 5,25% em uma semana.
Os principais pontos de atenção dos investidores seguem os mesmos: a perspectiva de juros altos por mais tempo nos Estados Unidos, a piora da percepção de risco fiscal no Brasil e, além disso, a cautela com o conflito no Oriente Médio.
O mercado ainda repercute a temporada de balanços nos Estados Unidos, com algumas empresas entregando resultados positivos.
O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa de valores, também teve queda.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Dólar
O dólar fechou em queda de 0,50%, cotado a R$ 5,2434. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumula:
alta de 2,39% na semana;
ganho de 4,55% no mês;
alta de 8,06% no ano.
No dia anterior, a moeda norte-americana avançou 1,64%, cotada em R$ 5,2697, no maior patamar desde março de 2023 (R$ 5,2884).
Ibovespa
O Ibovespa teve queda de 0,17%, aos 124.171 pontos, no menor nível desde novembro de 2023 (123.166 pontos).
Com o resultado, acumula:
queda de 1,41% na semana;
baixa de 3,07% no mês;
recuo de 7,46% no ano.
Na véspera, encerrou em queda de 0,75%, aos 124.389 pontos.
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O que está mexendo com os mercados?
Investidores voltaram a acreditar que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pode não reduzir suas taxas de juros de maneira significativa neste ano. Atualmente, os juros nos Estados Unidos estão entre 5,25% e 5,50% ao ano.
Segundo a ferramenta CME FedWatch, que monitora a percepção do mercado sobre os juros americanos, mais da metade dos investidores espera que o primeiro corte nas taxas seja só em setembro. Antes, as expectativas eram de que o ciclo de baixas começasse ainda no primeiro semestre.
Essa percepção veio depois da divulgação de dados fortes da economia nos últimos dias. Na segunda, o Departamento do Comércio dos EUA informou que as vendas no varejo aumentaram 0,7% em março, acima do 0,3% projetado por economistas ouvidos pela Reuters. Já os dados de fevereiro foram revisados para alta de 0,9%, em vez do 0,6% informado anteriormente.
Os números fizeram os rendimentos das Treasuries (títulos do Tesouro dos EUA) de dez anos — referência global de investimentos seguros — superarem os 4,60%.
O presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou na terça-feira que a inflação continua a se mostrar mais forte do que o esperado nos Estados Unidos, o que significa que Fed provavelmente precisará de mais tempo do que pensava para ter certeza de que os preços caminham para a meta de 2%.
“Os dados recentes claramente não nos deram maior confiança e, em vez disso, indicam que provavelmente levará mais tempo do que o esperado para alcançar essa confiança”, afirmou Powell durante evento realizado em Washington.
Já o vice-presidente do Fed, Philip Jefferson, disse que “será apropriado manter a atual postura restritiva da política monetária por mais tempo” caso a inflação não desacelere como esperado.
“Minha perspectiva básica continua sendo a de que a inflação diminuirá ainda mais, com a taxa básica mantida estável em seu nível atual, e que o mercado de trabalho permanecerá forte, com a demanda e a oferta de trabalho continuando a se reequilibrar”, disse Jefferson em comentários preparados para um discurso em uma conferência de pesquisa do Fed em Washington.
“É claro que as perspectivas ainda são bastante incertas, e se os dados disponíveis sugerirem que a inflação é mais persistente do que espero atualmente, será apropriado manter a atual orientação política restritiva por mais tempo. Estou totalmente empenhado em fazer a inflação voltar a 2%.”
Nesta quarta-feira, o Fed divulgou o Livro Bege, um retrato da saúde da economia norte-americana. O relatório diz que a atividade dos EUA expandiu ligeiramente do final de fevereiro até o início de abril, e havia temores entre as empresas de que o progresso na redução da inflação ficasse estagnado.
“Dez dos doze distritos tiveram um crescimento econômico leve ou modesto (…). A perspectiva econômica entre os contatos foi cautelosamente otimista, no geral”, diz.
No relatório, o ritmo da alta dos preços foi descrito em geral pelas empresas como modesto, em média, mas seis distritos do Fed destacaram aumentos moderados nos preços de energia e os contatos em alguns deles, principalmente no setor de manufatura, viram riscos de alta no curto prazo nos preços de insumos e de produção.
O risco fiscal também continua pesando sobre os mercados. Na segunda-feira (17), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou a redução da meta do governo Lula 3, que agora é ter déficit zero em 2025. Na LDO anterior, o projetado era de superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2025 e de 1% para 2026.
A mudança na meta significa abrir mais espaço para gastos, diante de uma dificuldade para aumentar receitas no próximo ano. O mercado financeiro não gostou do afrouxamento ainda no segundo ano da existência do novo arcabouço fiscal.
Investidores enxergam a medida como uma derrota da equipe econômica, que havia projetado superávit de 0,25% em 2025.
Segundo o blog do Valdo Cruz, o governo poderia ter optado por cortes para atingir esse patamar, mas a equipe econômica acabou avaliando que o clima no Congresso não é mais favorável a aumento de receitas e, por outro lado, o presidente Lula não quer sacrificar projetos de investimentos.
Também na segunda, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, advertiu que mudar a meta fiscal não é o ideal e que a política monetária precisa andar junto à política fiscal. Em outras palavras, indicou que o patamar de juros no final do ciclo de quedas pode ser reavaliado.
No boletim Focus (relatório que reúne as projeções de economistas) desta semana, as estimativas para a taxa Selic já saíram de 9% para 9,13% em 2024. Juros altos por mais tempo são prejudiciais para a economia porque tornam o acesso ao crédito mais caro e reduzem o consumo.
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Além disso, o mercado também segue atento aos desdobramentos dos conflitos no Oriente Médio. No fim de semana, o Irã lançou um ataque de mísseis e drones contra Israel, após acusarem o governo israelense de atacar a embaixada iraniana na Síria.
Há um esforço diplomático internacional, principalmente dos Estados Unidos e Europa, de conter a escalada das tensões, impedindo que Israel responda ao ataque.
No entanto, o governo israelense prometeu uma retaliação e voltará a se reunir nesta terça para discutir uma resposta. A intenção do governo israelense é realizar uma ofensiva que atinja o território iraniano, mas que não seja forte o suficiente para provocar uma nova guerra no Oriente Médio, segundo fontes do gabinete ouvidos pela agência de notícias Reuters.
O Irã disse, depois do ataque, que tratava a questão como encerrada, mas disse que vai revidar caso haja um novo ataque de Israel.
Neste contexto de incertezas, investidores recorrem a ativos vistos como sendo mais seguros para proteger seu patrimônio. Assim, o dólar ganha vantagem sobre outras moedas, principalmente as de países emergentes, como o Brasil.
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